Já algumas vezes dei por mim a pensar se este blog ainda faz sentido. O sentido inicial, felizmente, já está longe das nossas mentes, mas a verdade é que também já passou o 1.º aniversário e... we keep hanging on.
Contudo, e apesar de passar por aqui quase diariamente, há que reconhecer que nem sempre nos sinto "em contacto" e, nessas alturas, dou por mim a pensar se o blog não estará moribundo. Eu própria vejo-me frequentemente com vontade de dizer qualquer coisa e, sei lá porquê, não me sai nada...
Mas depois -- lá está -- surgem posts como estes... (Espigõum, Biscoito, estava com saudades vossas) e relembro o início e só consigo concluir que o que fez com que nessa altura fizesse todo o sentido continua lá (ou cá?).
E, aí, de facto, volto ao início:
Quem? Nós.
O quê? O que nos apetecer partilhar.
Quando? Sempre que apetecer. Sempre que precisarmos. Sempre que acharmos que alguém precisa.
Onde? Aqui... Ali... Na floresta. No baú dos brinquedos. A caminho de Ferbiju...
Porquê? Porque sim. Porque faz sentido. Porque nunca mais seremos os mesmos que éramos antes de nos cruzarmos."Porque todas as pessoas crescidas já foram crianças. (Mas poucas se lembram disso.)"
terça-feira, 29 de abril de 2008
domingo, 27 de abril de 2008
Nem sei que título lhe ponha!
"Infelizmente há sempre algo que fica para trás. Mas o importante não está no que não se faz, mas sim no que se leva em frente."
Li o que escreveste de uma rajada só.
Sem quase respirar.
Muita coisa não absorvi.
Mas compreendo o que sentiste.
Ficou a tua frase que reescrevi em cima como se fosse um apoio para o meu pensamento.
Eu, neste momento, ainda não estou bem.
Vão ser precisos muitos meses, segundo vozes de profissionais...
Para me RE-definir, para clarificar...
Mas cresci e disso não tenho dúvidas. Cresci, sou adulta.
E não tenho medo! Não tenho preconceitos, não tenho ideias preconcebidas, recuperei a tolerância, a vontade de falar com as pessoas e de as conhecer.
Estou a começar do zero.
E nesta fase da vida é muito complicado.
Talvez o maior medo é de não recuperar rapidamente a minha vida social, que era enorme e fantástica, antigamente.
Força amigo!
Também gosto muito dos Smash Abóboras. LOL
Mil beijinhos
Li o que escreveste de uma rajada só.
Sem quase respirar.
Muita coisa não absorvi.
Mas compreendo o que sentiste.
Ficou a tua frase que reescrevi em cima como se fosse um apoio para o meu pensamento.
Eu, neste momento, ainda não estou bem.
Vão ser precisos muitos meses, segundo vozes de profissionais...
Para me RE-definir, para clarificar...
Mas cresci e disso não tenho dúvidas. Cresci, sou adulta.
E não tenho medo! Não tenho preconceitos, não tenho ideias preconcebidas, recuperei a tolerância, a vontade de falar com as pessoas e de as conhecer.
Estou a começar do zero.
E nesta fase da vida é muito complicado.
Talvez o maior medo é de não recuperar rapidamente a minha vida social, que era enorme e fantástica, antigamente.
Força amigo!
Também gosto muito dos Smash Abóboras. LOL
Mil beijinhos
sábado, 26 de abril de 2008
wow...
ok, não gosto muito de fazer 'publicidade'.
(...quer dizer, com os amigos as coisas têm de ser faladas doutra forma, pois são amigos e não "público alvo" - não pelo menos no sentido sub-meritório - , e por vezes há o medo das coisas se confundirem.)
Por vezes o receio de 'promover', pode dar origem a falta de comunicação, e eu caio muitas vezes nesse erro.
Portantos... :')
(Obrigado Biscoito, pela última intervenção, pois ajudou-me a decidir querer limpar algum pó das prateleiras :) Espero que esteja tudo bem. :')
ok. Agora cá vai uma estória longa e aborrecida (espero que não, mas..) :
Os Dropnoiz acabaram. Tenho uma nova banda - os Agressiv. E estou a acabar de editar um cd com músicas minhas. Mas não começou aí.
I - "Eu também quero..."
Já fizeram - ou hão-de cerrar-se num destes meses - 10 anos desde que comecei a chafurdar com mãos, pés, e ouvidos no mundo da música. Há quase 10 anos comecei a tocar bateria. Na altura foi uma cassete de 'Bodycount' que me convenceu - Born dead. Gostei das letras, a música parecia simples de executar (que ingénuo que eu era!) e estava numa fase de partilhar coisas e ideias com os poucos colegas; ainda menos amigos. E que ideias! Queríamos todos ser vocalista. Passado uns tempos, depois de algum tempo a matutar naquelas coisas, decidimos que tínhamos algo em comum. Pelo menos 3 de nós. Infelizmente eu era o elo de ligação entre os 3. Infelizmente, porque não iria ser 'pêra doce'.
Juntámo-nos os 3 pela primeira vez na garagem cá de casa - só chapas! -, e ficávamos horas a conversar (porque um dos três não estudava no mesmo liceu), a actualizar gostos musicais, arranjar conflitos, e a empurrar instrumentos; ou seja: quem é que não queria ser vocalista? lol...
Como os outros 2 já tinham experiência em instrumentos - guitarra pelo menos -, acabei por ser designado como o elo mais fraco, e tive que começar por algo mais simples. Iria ser o baixista.
Não tínhamos instrumentos, que não fossem duas guitarras acústicas, uma guitarra eléctrica simples e um amplificador de 15/30 watts. Nem microfones tínhamos. Eu ensaiava 'baixo' numa guitarra acústica, fazendo força nas cordas graves para que se ouvisse alguma coisa.
Lá o Alex acabou por ser o derradeiro eleito como vocalista, e era o mais experiente músico (hoje tem mais que 5 projectos musicais, e pelo menos 2 deles dão que falar no underground).
II - "Já viste que horas são? Tem juízo!"
Juntávamo-nos uma vez por semana, aos sábados de manhã - 9 horas. Para estar cá a essa hora o vocalista tinha que se levantar às 6:30. Eu tinha de ir arrastar o outro marmanjo ao prédio que fica a 50 metros de minha casa à própria cama. Não passou muito tempo até que começássemos a recear pela dedicação de quem não se levantava por vontade própria.
Em 99 foi anunciado um concurso de banda desenhada em Matosinhos e os meus professores e colegas incentivavam-me a participar. Penso que foi nessa altura que decidi que uma vez que faltava bateria e baterista na banda, eu trataria de remediar isso. Juntamente com o Alex pensei com seriedade nesta possibilidade, e apesar de algumas confusões, um dos prémios acabou mesmo por me calhar a mim. Como era em dinheiro, aí estava o que era preciso para começar a fazer a minha parte(a sério) na banda. Mas o prémio não foi um dos primeiros, portanto apenas deu para comprar uma bateria fraquinha, em que alguns acessórios foram regateados em favor de outros, pois o vocalista tinha algum material de percussão em casa.
Começámos então a acordar os vizinhos aos sábados de manhã. Até cheguei a ouvir coisas como "Epá, Filipe, eu até gosto disso (e aponta-me para uma cassete de Smashing Pumpkins no carro), mas é um bocado cedo... não achas que podiam fazer isso só mais tarde?" Eu já desconfiava que fossem sintomas de quem se deita tarde. Hoje seria impensável imaginar um ensaio matinal. lol
Fazia a maior parte das letras, porque o vocalista sentia-se familiarizado com o que eu escrevia (em inglês), e ainda chegámos a compor uma música, já com duas guitarras, um baixista e alguns amplificadores fraquinhos. Como o Alex tinha alguma formação em percussão, foi daí que aprendi a dar os primeiros toques na bateria. Passado 2 meses já ameaçava vir a evoluir ao ponto de o rivalizar; mas só depois de vários ensaios em que me deixavam meias horas a praticar exercícios sozinho.
Tínhamos de escolher um nome e foi aí que comecei a interiorizar a importância que isso tinha. Eu podia gostar de uma coisa, mas os outros não. E vice versa. Ponderámos vários nomes, desde Tarmak, Catsize(Capsize/catseyes), a Overflow, e Warbreed. Tocávamos rock básicamente inspirado no que era a "onda" na altura - Nu metal. Éramos novos, e os clichés soavam-nos bem, por isso por uns tempos fomos os Nu-noiz.
A primeira música que fizemos chamava-se "Scared to death" (letra minha), e nas palavras de um amigo na altura, parecíamos "três gajos a fazer barulho, e um como se estivesse na casa-de-banho a gritar". Ainda há gente que pense assim das bandas que a gente ouve, portanto hoje nem me parece um grande insulto.
Penso que nessa altura já só éramos 3, mesmo. O guitarrista vizinho com problemas em se levantar da cama havia sido posto de parte - tarefa árdua para mim, que tive que decidir - devido a 'divergências musicais' e falta de dedicação.
Entretanto começámos a nossa dura busca por um guitarrista, uma vez que o compositor principal queria apenas cantar, apesar de saber exactamente o que queria que tocassem na guitarra. Eu limitava-me a estar ao nível do que quer que ele tocasse. Mas quando tocava não cantava, e quando cantava não tocava. O baixista impacientava-se, e as nossas 'sessões terapêuticas' matinais de sábado de manhã - em vez de ensaios - recomeçavam.
Dois amigos da altura, um novo colega brasileiro, e outro já nosso conhecido do liceu, que de certa forma gostava do que estávamos a construir, assistiram a alguns ensaios (do pouco que se ensaiava), e começaram a ter interesse em ajudar, querendo aprender as coisas que o vocalista fazia na guitarra. Um deles - o Ben, do liceu - tinha uma guitarra e amplificador, e durante uns tempos foi o nosso guitarrista aprendiz.
Para somar mais uma infelicidade, por motivos pessoais o Ben teve que se ausentar da banda e acabou por ter que vender o seu material.
Por uns tempos ficámos desapontados, quer pelos imprevistos, quer por não sairmos da cepa torta.
Entretanto o Daniel - o nosso baixista - recebia uma proposta de ir tocar com uma banda de Espinho/Gaia, também amadora, mas já mais evoluída.
Acabámos por passar um mau bocado, o vocalista e eu. Ainda teimávamos em nos juntar mas já só era para falar mais que para outra coisa.
III - "Afinal é assim? ...eu não sei se gosto do que tu gostas..."
Pensámos em desistir, mas quase que era absurdo falar nisso, porque para isso teríamos de ter existido em primeiro lugar, e nem tínhamos nome, nem músicos, nem motivação. Tínhamos, já, 2 ou 3 músicas; numa boa fase - com músicos, e inclusive a ajuda de um primo meu violinista - havíamos composto uma 'a arrojar para o madura' "I'll love again" (com letra do Alex).
Mas agora não haviam outros músicos.
Passaram uns meses e ele não tinha parado de falar no nosso projecto a colegas (já) da faculdade.
Houveram alguns interessados. Ao todo, hoje, conto que passaram pela nossa banda (e constantes mutações) mais de 10 guitarristas. Muitos sabiam tocar bastante bem para a idade.
Com um Pikus, tivemos uma boa experiência. Ele, aos nossos olhos, era um virtuoso das 6 cordas e com ele compusemos algumas músicas. Penso que os primeiros passos para a "Dramatize", "Monkey" e "Dead child" surgiram nessa fase. Ainda tenho uma vaga ideia de uma música que nunca foi gravada, nem em cassete sequer, e na altura que estávamos a testá-la soou-me mesmo muito bem. Muitas vezes ainda tento repetir o ritmo de bateria que fazia nesse meu 'mito' a ver se consigo repescar o que quer que me soava bem.
Uma das coisas mais interessantes nessa fase, para além de termos incorporado um novo e invulgar elemento - uma segunda vocalista -, foi que eu e o guitarrista ambos gostávamos bastante de Marilyn Manson e Smashing Pumpkins, e em muitos ensaios brincávamos com a "Bodies" dos Smashing, ao que o Lex não olhava com bons olhos. Ele estava a simpatizar mais com material da pesada, e já se começavam a despontar alguns contrastes entre nós os dois. Mas o mais importante para mim era o grupo. (Com o Pikus ainda fizemos uma brincadeira que nos proporcionou um dos ensaios mais bem dispostos que me lembro; inventámos uma 'paródia' à retaliação americana pós 11 de Setembro intitulada "Fight the americans(Allah!)".)
Portanto, quando o Pikus abandonou a banda e conseguimos logo dois(!) elementos novos - baixista e guitarrista - o som modificou-se ligeiramente, e a nossa noção do que era uma banda também.
Convencê-los a ficar na banda foi um episódio engraçado.
Nós dois estávamos à espera deles, quando eles aparecem e nós depois da conversa de apresentações amigável, lhes mostrámos as músicas que tínhamos. (Nem me lembro como o fizemos, porque normalmente o Alex não tocava guitarra e cantava ao mesmo tempo... essa resposta ficou perdida no tempo.) Eles não ficaram impressionados com as nossas músicas.
Curiosamente, foi quando eles deram meia volta e subiram 150 metros para ir tomar café, que, nós os dois - que tínhamos ficado para trás para matar saudades de uma coisa que tínhamos começado a compor no ensaio anterior - os surpreendemos. Desceram e perguntaram "O que é isso? Essa cena soava fixe". Chamava-se "Spine crush", e como o nome sugeria, era uma das mais agressivas que tínhamos feito até então. Ficaram convencidos, e mudámos o local de ensaios para a casa de um deles - em Valadares.
IV - "Valadares, here we come"
Para já a Mariana apenas cantava numa música ("Dead child"), e soava bastante bem, mas com o tempo começou a ter uma importância maior. Era já a faceta de compositor do Alex a evoluir. Eu já havia aprendido bastante com ele - desde fazer escalas numa guitarra, quando tentava ser baixista numa acústica, até ritmos e breaks de bateria -, e ali estava eu a aprender mais umas coisas, ao mesmo tempo que ele as experimentava. Primeiro cantava ele, em voz melódica, depois ela no mesmo registo, depois ela em voz "grunha" - assim lhe chamavam o Telhas(novo guitarrista), e o Cagu(novo baixista, e filho dos donos da casa onde ficava o nosso novo local de ensaios), ambos de Valadares. E os vocalistas lá continuavam num passar de testemunho com a voz até aquilo se tornar numa dança confusa mas com algo para 'desenliar'. E isso era novo.
O Telhas era um guitarrista melhor que o Pikus, e isso sempre nos motivava; ter alguém melhor. O novo baixista era um músico tão dedicado como qualquer outro, e como todos nos esforçávamos ao mesmo nível, esta acabara por ser mesmo a primeira experiência do que era estar numa banda a sério.
O vocalista e compositor sempre quis criar material novo e renunciar 'covers' (como o "Wiked game", que tínhamos sido obrigados a ensaiar anos antes, para aprender a tocar juntos) e com esta motivação, juntaram-se às músicas que já tínhamos, e que ganharam outro fôlego, mais umas 5 ou 6 músicas novas, todas originais - a dita "Spine crush" e a "Nightmare", entre outras. Por esta altura o principal compositor já começava a misturar letras dele com algumas coisas escritas pelos outros elementos. Desde que comecei a ganhar confiança na bateria que assumia total responsabilidade pelo que criava no meu instrumento - pelo menos aí também eu era compositor - e por vezes o Alex não concordava com algumas ideias, mas encontrávamos sempre um meio termo. O pedal duplo é que sempre foi um problema, entre nós.
Tínhamos músicas, tínhamos músicos, até um nome(difícil de decidir) - Screwed up Fairytale -, logotipo, e até alguns elogios, principalmente aos "grunhos" dos 2 vocalistas e às guitarradas.
Por esta altura, o Ben já havia estabilizado um pouco a sua disponibilidade e aparecia nos ensaios para nos mostrar o seu apoio, tal como no início da nossa aventura. Foi muito importante sentir aquele elo de ligação com o início de tudo.
Até 'bandas vizinhas' tínhamos. Só nos faltava uma coisa: dar o primeiro concerto. E démos.
V - "%#&€*£!!!!.. Tenho medo!"
Foi em Maio de 2002, se não estou errado. Lembro-me que meses antes até havia incorporado um espectáculo que aconteceu na faculdade - Festa da Lusofonia - para enfrentar o meu receio de subir a um palco. Resultou, portanto não havia motivos para o concerto não correr bem. Ou havia?
lol... Aprendemos da pior maneira a "nunca ensaiar no próprio dia do concerto". Havíamos ensaiado todos os fins-de-semana (que era quando eu podia vir da faculdade), aos sábados e domingos. Por vezes arrastávamo-nos uns aos outros para um bar, e no domingo seguinte estávamos comprometidos a comparecer, mesmo que ressacados, no local de ensaio. (Muitas secas à espera que todos chegassem, enquanto o Cagu nos ia deixando o mais à vontade que dava...)
Por termos ensaiado no próprio dia do concerto, de tão tensos que estávamos, acabámos por assistir à tragédia de eu ter rebentado uma das peles da bateria - a do bombo. E precisávamos de levar a bateria para o local do concerto (o Orfeão de Valadares). Ficámos passados. O nosso primeiro concerto.. e acontecia-nos aquilo. Se já estávamos ansiosos, então aí é que ficámos acelerados.
Uma das divisões da casa do baixista parecia um cemitério de instrumentos e acessórios - tal era o número de bandas que já tinham passado por lá. (Isso fazia-nos - a mim e ao Alex - sentir inferiores em comparação, como músicos, mas sabíamos que sendo nós a 'mais recente escolha', e mais um passo em frente na 'carreira' do baixista, só podia ser bom sinal.) E lá conseguimos encontrar umas peles, e experimentar, mas todos os bombos tinham dimensões diferentes, e acabámos por colar a pele do meu bombo com fita cola e colocá-la de novo no sítio.
Fomos horas antes para o sítio marcado, e íamos tocar com mais 3 bandas. Pelos elogios que nos eram feitos nos ensaios, prometiam-nos que seríamos a penúltima banda a tocar, seguidos da banda do momento lá na terra, os Line Out. O tempo voou, e a nossa ansiedade fazia-nos ser imprevisíveis. Uns desapareciam, outros estavam inquietos atrás de toda a gente a querer saber pormenores do que iria acontecer... eu estava com um abismo no estômago. Hoje dizem-me que podia ter sido, tipo, uma úlcera nervosa a despontar. Lembro-me que por mais que comesse, os ácidos não paravam de me fazer sentir perfurado através do estômago. Muito mau. E faltavam 15 minutos para o concerto. 5 minutos. Era a nossa vez.
Subimos ao palco. Éramos a segunda banda e não a terceira banda a tocar - a seguir a uma banda fraquinha de rock, e antes de uma banda de covers com uma má/mau (não me lembro) vocalista. Eu ia tocar com a bateria dos Line Out - os 'cabeça de cartaz'; a minha estava em cacos.
Nos 'camarins' havíamos gasto todas as maluquices visuais que nos ocorriam na mente, e entrámos em palco a chocar o público, com as cortinas a abrir e nós já em palco, pintados, remendados, feios, esquisitos, com vendas e ligaduras, vermelhos, pretos, com saias, ou calções, o que fosse e sem vergonha. Fomos uma banda, e demos o melhor concerto que podíamos.
Só no último concerto dessa noite - dos ditos Line Out - voltámos a ouvir os mesmos aplausos que vieram para nós, uma hora e pouco antes.
Tornámo-nos numa banda que tinha chamado à atenção das pessoas que estiveram no concerto nessa noite. Entre elas estava o Ben, o 'Buda', que era seu amigo (e que seria o primeiro fã de Dropnoiz), a minha irmã, uma amiga dela, e um primo nosso (o que anos antes tinha tocado violino numa música nossa, e anos depois me pediria para fazer a capa do CD do seu 'grupo de fados').
O pessoal de Valadares ficou a saber o nome da nossa banda, e sentimos que podíamos trabalhar tudo isso, evoluir e tentar ser uma boa banda portuguesa dentro do género.
Isso se não fossem os vizinhos do nosso baixista.
VI - "Outra vez???..."
À terceira intervenção/interrupção de um ensaio por uma vizinha que morava num prédio a mais de 500 metros de distância, dessa última acompanhada de um documento da câmara, e de um 'guarda-costas', a mãe do Cagu proibiu-nos de voltar a ensaiar lá em casa.
Tínhamos acabado de subir, e de repente arrancavam-nos as asas.
Podíamos ter seguido por várias hipóteses, mas nenhuma parecia ajustar-se às nossas delicadas medidas: eu estava a estudar longe e não poderia passar todos os fins de semana em casa, quanto mais uma vez (adicional) a meio da semana, daí que não falavam sequer na hipótese de voltarmos para a 'minha' garagem. Havia a hipótese de alugarmos um espaço, mas dependendo dos pais, que não apoiavam a nossa alucinação; portanto era uma opção improvável. Tudo ficou muito turvo. Para piorar, enterrámo-nos num silêncio mútuo, que me fez pensar nas coisas negativas, como o ter de tocar pedal duplo na bateria e não me sentir estimulado para o desenvolver - pois envolvia o esforço de pelo menos 2/4 horas de prática semanal, sozinho, e a frustração de estar a estudar longe, não poder tocar bateria e não poder dedicar mais tempo aos ensaios, que nessa fase já nem existiam. Eventualmente acabei por falar-lhes em ceder o meu lugar de baterista a outro, para não 'cortar as pernas' aos outros elementos da banda, mas a reacção foi ainda mais indecisa. Comentou-se que efectivamente isso podia funcionar, mas que a (já mencionável) química entre os elementos não seria fácil de reproduzir, e que não havia local nem dinheiro para alugar um sítio. E voltámos a ficar em silêncio.
Esse silêncio deu origem a uma silenciosa separação.
Durante quase um ano não perdi o contacto com o Alex, e por consequência com os outros, mas não falávamos em tocar, nem em voltar a fazer música. Pelo menos concretamente, não.
VII - "E se eu..."
Durante esse ano, acabei por ficar dedicado a passar tempo na Covilhã, e levei para essa casa uma biola antiga do meu pai - 'restaurada' por um antigo colega e vizinho. Acabei por me recordar de novo das escalas que fazia, e comecei a 'inventar' acordes. Com o tempo fui inventando músicas de 2 acordes, e quando tinha oportunidade azucrinava a paciência dos meus colegas de curso com as minhas incessantes sessões de 'monólogos jazzístico-isolados'(sem cantar, note-se) agarrado a qualquer guitarra acústica que encontrasse, enquanto eles tentavam conviver fosse no jantar que fosse, em casa de fosse quem fosse. Toda a gente tocava/tinha tocado numa banda. Toda a gente havia levado uma guitarra consigo. Eu apenas pegava nelas e dava-lhes uso.
Habituaram-se a aturar-me como quem atura os vagabundos da rua de Sta. Catarina. E eu ficava-lhes grato por não me insultarem. Ouviram as minhas estórias e ambições com atenção quando a banda ainda existia, e agora eu simplesmente usava a música que tinha interiorizado dentro de mim em quase tudo. Foi uma fase de redescoberta.
Depois dos jantares de curso, em tascos, ou restaurantes, em que todos saíam a cantar, eu desafiava colegas que se lembravam de arriscar levar uma guitarra para a rua, a tocarem músicas de Nirvana, ou System of a Down, ou até Rolling Stones lá no meio da rua, e ficávamos a berrar os refrões até não ter mais vergonha na cara. Aí seguíamos atrás dos outros estudantes. Quando dei por mim, reparara que não era o único que sabia cantar, ou tocar um instrumento, e ali estavam muitos, que abandonaram a sua música, e iriam partir para um emprego, e que eu tinha seguido todo aquele percurso só para chegar ao mesmo ponto que eles. E era verdade. Percebi isso.
Mas não tinha de fazer igual.
Aproveitei que tinha a guitarra, e vontade de dizer coisas, para criar umas músicas. Continuava a escrever letras, e talvez um dia tenha mostrado alguma a uma colega minha... lembro-me de ela me ter desafiado a escrever em português, por bons argumentos. Tinham existido os Censurados, e haviam ainda, na altura, os Ornatos Violeta. Senti que não seria má ideia de todo. Comecei por criar algumas canções em português. Ainda hoje não sei como os meus colegas dos quartos ao lado do meu não me partiam a cara, tal era figurinha (o barulho) que eu fazia quando tocava guitarra e "cantava", sozinho. Devo ter feito umas 15 músicas assim, e mais letras ainda, e isso reforçava a minha necessidade de fazer alguma coisa sozinho. Cheguei até a dar um concerto num evento que era uma 'feira do emprego' lá da faculdade, em que 2 pessoas foram comigo, ficaram a ouvir-me e me deram conselhos no fim. Ainda me lembro que uma rapariga, que conhecia de um curso paralelo ao meu, simpática que lá estava numa das bancas, ouviu e elogiou-me no fim. Penso que foi uma recompensa pela minha coragem.
Com o passar do tempo, sentia cada vez mais a necessidade de me aproximar dos tempos e da sensação de quando fazia música com a banda, e quando dei por isso estava a fazer música mais agressiva também na guitarra acústica, e a escrever letras mais incisivas e pontiagudas. Tudo muito filosófico; tudo muito autodidata.
Queria uma identificação que não me comprometesse, pois hoje podia cantar em português, amanhã e inglês. Decidi que seria um número, pensei no termo industrial - o que levou o meu raciocínio até à revolução industrial - e em Manson, e decidi: 1769.
Nunca gostei muito de Mão morta (pelo A.L.C.), contudo o primeiro elogio tipo crítica musical que recebi foi que "soa(va) a mão morta". Fiquei corado, porque no fim de contas reconhecia-lhes valor, e a comparação significava muito.
Entretanto, soube que o Alex também fazia coisas, como continuar os estudos, compor para ele e andar em aulas de guitarra. Ao fim de um ano, saídas de amigos, e idas a festivais de música, durante o qual reforçámos a amizade com o Benjamim, voltámos a falar em fazer alguma coisa. Mas isso só aconteceria quando eu estava prestes a acabar o curso (2004). Entretanto, ele ia ouvindo algumas das minhas coisas, mas sempre me pareceu que ele preferia ser reservado no que dizia. No entanto, em alguns momentos motivou-me o suficiente para eu ter confiança no que estava a fazer.
Também nesse período experimentei uma coisa diferente.
Com um amigo da faculdade produzi uma curta, realizada por esse último, e decidi fazer a banda sonora. A bateria foi carregada para a Covilhã (pelo Afonso ;-) e o tal realizador levou para sua casa uma (imagine-se, até ele!) guitarra electro-acústica. Fiquei burro. E apaixonado; som lindo. Era uma Aria, e nunca mais ouviria o som de uma guitarra acústica normal sem pensar no som daquela, e das suas 6 cordas de aço.
E assim comecei a planear sons, e ideias e letras e tudo isso, juntamente com a opinião dos músicos de última hora que queriam fazer parte daquela 'coisa' que era fazer o filme.
Experimentei ser eu a compor, e o Alex a intrepertar, desta vez. Ao que ele consentiu participar na experiência, e apesar de tudo, até foi algo engraçado. Hoje faria tudo diferente, mas na altura foi a nossa colaboração a partir de ideias minhas para dar som a uma tragi-comédia.
VIII - "Bora dar um último suspiro?"
Com o tempo, e chegado o final do meu curso, ressuscitámos a 'fera', e chamámos-lhe Dead machine rising. Com o Benjamim como baixista, e nós nos cargos de guitarrista/vocalista e baterista, voltámos a ensaiar, desta vez com uma forma mais séria de ver as coisas, imaginando a inevitabilidade de, face a um emprego, a música não passar de uma actividade paralela, e conscientes (agora) da dificuldade de construir uma música de Body count.
O Benjamim já havia tido a experiência connosco no início, e não se privara de nos ensaios que tinha assistido, brincar de vez em quando com os instrumentos. A par disso, ele também tinha a sua guitarra acústica (Damn! Everyone does...), e não foi difícil ele pegar o jeito do baixo. Foi bem mais séria a decisão de o comprar. Feito isso compusemos algumas músicas. Ao todo apenas 2 delas foram realmente composições assumidas.
O recomeçar do zero, já nessa altura, era algo que começava a fazer perfeito sentido. Era o romper com tudo de errado que tinha acontecido antes. Mudar e evoluir - seguir em frente. Infelizmente, o espírito crítico e a ambição do vocalista/guitarrista tinham crescido demasiado desde 'Valadares', e nenhum segundo guitarrista sobreviveu tempo suficiente, ao que se voltava a juntar o incontornável problema do pedal duplo(na bateria), num estilo que se revelava cada vez mais violento.
Tínhamos seguido por caminhos diferentes e só passado uns meses admitimos isso, já o Alex estava a tocar guitarra numa outra banda, e o Ben decepcionado com a nossa falta de dedicação ao trio. Recompus-me e tentei manter pelo menos a nossa amizade, entre os 3, mas algo tinha corrido mal e tudo o que pude fazer foi acompanhar o percurso do compositor que cresceu comigo de longe, e tentar manter o outro meu amigo por perto, já que nenhum de nós os dois tinha outra actividade musical a que se agarrar, e agarrámo-nos a algumas cervejas em que falávamos do percurso, do desperdício, e dos sonhos.
O percurso do Alex ainda não se tinha isolado completamente do meu, e, depois de ter saído de uma banda de 'putos' em que tocava bateria para um primo da sua 'ex', falou-me da possibilidade de eu ir tocar bateria a sério para eles. Mas eram 'putos', e fazer viagens de 4 horas num domingo, para tocar uma ou duas, não compensava nada (o local de ensaios tinha sido mudado para Vila do Conde se não estou em erro). Para não falar na seriedade.
Entretanto também numa saída com colegas metaleiros do Porto, tinha cedido ao convite de uns músicos que tinham uma banda em comum e precisavam de baterista, em Ermesinde. Não durou muito (e foi até antes da experiência com os 'putos'... e mais infantil). A falta de seriedade da parte deles, fez-me nunca mais querer saber do que lhes aconteceu, até hoje.
IX - "...o que é que foi agora?...Ah, vá lá!"
Por coincidência, passados tantos anos, conheci alguém que conhecia em primeira pessoa o (grande) baterista dos Genocide, que por coincidência, tinha sido professor do meu 'professor' no conservatório. Há anos que gostaria de ter aulas com ele, pelo que ouvia de bom sobre a sua técnica na bateria. Acabei por chegar mesmo a falar com ele e disse-me que apesar de já não dar aulas, abriria uma excepção por lhe dar algum jeito na altura.
Sinto-me orgulhoso, hoje, pelos seis meses em que aprendi bateria com ele. Infelizmente nunca consegui acompanhar o ritmo da aprendizagem teórica com a prática, e isso fez com que começasse a ser inútil perder o meu tempo e fazê-lo perder o dele.
Mas por essa altura, um colega meu do secundário, ao ver-me de volta à terra, e sabendo que eu tocava bateria, perguntou-me se eu não estaria interessado em dar uns toques com a banda em que ele estava, pois o vocalista dessa mesma estava a tocar bateria e a cantar ao mesmo tempo, e precisavam de corrigir isso.
Foi no fim de uma das últimas aulas de bateria que recebi o telefonema a dizer "vamos fazer um ensaio/audição hoje". Saí do comboio em Paramos, e foi assim que nasceram os Dropnoiz.
Demo-nos logo bem à primeira. Eu já conhecia o estilo do Enri na guitarra - o amigo que tinha feito o convite em primeiro lugar -, de uns toques que dava com o Daniel (já depois da sua banda de Espinho/Gaia ter terminado) e os amigos que apareciam, em jeito de ensaio na brincadeira.
Já começava a sentir uma admiração crescente pela força original do Rock em lugar do descontrolo de muitas motivações do metal, e a química rock que era libertada nos ensaios dos Dropnoiz eram exactamente o que eu queria na altura.
Tudo correu perfeitamente bem. Desde nos darmos bem como colegas, mais tarde amigos, até ao facto de criarmos uma música nova por mês. Ao fim de quase um ano estávamos a dar concertos, e todos correram bem. Os comentários começavam a ser ouvidos. Éramos uma banda de interesse na zona e as coisas estavam no bom caminho. Mas a química começava a sofrer alguns golpes por divergência de decisões. Uns até eram capazes de tocar na rua, outros apontavam que só com material de amplificação de topo é que dávamos o 'próximo passo'. Estivemos assim durante mais uns tempos.
A par disso, o Finghers - o tal vocalista que tocava bateria para desenrascar - tinha outra banda; uma banda mais na onda metal/gótico, e eu depois de ouvir umas músicas dessa banda em cassete acabei por achar interessante ajudá-lo nessa banda, até porque eu também simpatizava com o som, na onda de Moonspell, entre outros nomes.
Chamavam-se Wolvengard, e como também precisavam de baixista, foi a desculpa ideal para eu meter o Benjamim ao barulho, outra vez. Chamei-o e a reacção foi boa, logo no primeiro ensaio. Um dos elementos era de Lisboa, e isso trazia alguma instabilidade à ideia de um avanço rápido deste projecto que já tinha mais de 3 anos. No entanto todos os 5 elementos - somando com o teclista e principal orientador da banda - continuávamos a ensaiar, uma vez por mês, e a compor novas músicas.
Quando se ouviu que uma nova banda da zona - os Dropnoiz - iam dar o seu primeiro concerto, alguns colegas começaram a falar, e, como o mundo é pequeno, quem dentro dos Wolvengard não sabia da existência dos Dropnoiz - que o Finghers tinha criado às escondidas, por receio de haver problemas por estar a usar material comum às duas bandas - acabou por saber da existência da banda da pior maneira: assistindo ao seu primeiro concerto.
Isso naturalmente fez com que o teclista e principal motivador dos Wolvengard se sentisse mal, e isso levou a que abandonasse a banda, ficando o barco à deriva, sem um capitão. Os marujos acabaram por tomar conta do barco em conjunto, alterando coisas, como a identificação, que viria a ser [VIII.II.D] - hatred - e passava a ter uma sonoridade mais dispersa e dinâmica, mas, mesmo assim, sem o mesmo propósito de antes, já que o bom ambiente tinha sido corrompido por aquela falha.
X - "Ups... desta eu não estava à espera."
Passados os concertos dos Dropnoiz e chegada a fase de hesitação, algumas outras coisas aconteceram, como o prémio dos americanos ao videoclip, e a pressão de eu querer aproveitar a onda de popularidade de um para mostrar o que 4 conseguiam fazer.
Tirando a emissão da "Black Stone" na Antena3, nada mais de bom uma coisa fez pela outra.
Foi algo diferente para mim, e no fundo, já parecíamos estranhos. Metade forçava-se a tentar gravar algo à pressa para aproveitar a onda, enquanto outra metade apenas queria continuar a levar as coisas na boa e de forma natural. Por vezes é preciso empurrar um pouco, mas aquela fase foi um exagero. Demos um último concerto no Improviso, um bar que nos acolhia com um bom ambiente, e passado uns ensaios não resistimos à tensão, começando o castelo de cartas a desmoronar, um por um.
O curioso é que o Ben assistiu a esse mesmo ensaio.
Por vezes estar numa banda pode significar guardar muito lá dentro por um bem maior, e quando tudo sai de uma vez as coisas acontecem.
A banda acabava.
Com todo o frenesim Dropnoiz/exposição mediática/Antena3/Sonny bmg/Incubus, os [VIII.III.D] tinham ficado para trás, e com isso a dedicação do Ben - que não cessava de se oferecer para ensaios à semana, nem que só com 3 elementos - ficava abandonada por terra. Talvez o Finghers partilhasse da mesma opinião que eu, que "os Drop primeiro!", mas quando os Dropnoiz acabaram, e o Ben se afastou, ficámos de rastos.
Falámos com o 'lisboeta' a avisar que era melhor fazermos uma pausa na (outra) banda, e retirámo-nos a um certo silêncio.
Quando os DMR(Dead machine rising) tinham acabado, 2 anos antes, eu tinha comprado um computador novo, e com os instrumentos na garagem usava o computador para gravar umas ideias minhas, faixa a faixa. Foram as primeiras demos que fiz para o meu projecto a solo, e quando enviei a primeira música para o Alex, por mail, a reacção não podia ser mais motivadora.
A par disso, ele ia fazendo as suas coisas a solo - Ishkur -, também. E isso foi interessante, ver um projecto a multiplicar-se em 2 (hoje mais do que dois).
Estas minhas músicas 'demo' já levavam o nome 1769, e entre elas estava "Automártir", e "Ser animal", duas músicas com voz, bateria, guitarra, e (suposto) baixo; uma espécie de punk rock barulhento, com uma voz a roçar o gutural nos melhores momentos.
E quando os Dropnoiz acabaram, foi para aí que eu me virei novamente. Como que a desafiar-me e a desafiar as dúvidas que caíam sobre a minha determinação (quase como se dependesse dos outros e sem eles parava de fazer música), e provei que tinha já algum material - nove novas músicas - composto desde Maio do ano passado e que o iria gravar como deveria ser. Obviamente todos me animaram e disseram que era uma boa coisa a acontecer, e deram força para ir em frente. Mas na verdade o que eu também queria era vê-los ir em frente também.
Felizmente, isso aconteceu.
XI - ...And so it "begins".
Entretanto havia restabelecido o contacto com o Ben, e ele acompanhou-me nas gravações de 1769. Passados uns meses o Finghers desabafou comigo que queria voltar a fazer música, e concordámos que era algo muito raro o que tínhamos tido com os Dropnoiz, e que seria difícil recuperar isso, quanto mais superar. Mas também partilhava da opinião de que fazia falta fazer música em grupo e sentir de novo essa química.
Parte dessa química vinha da forma selvagem como o Enri se enleava, perdia e decifrava a guitarra, e sem isso muito do resto não fazia sentido. Também não fazia sentido eu imaginar todos os dias que o Ben dava um baixista extraordinariamente motivador numa banda e deixá-lo num projecto secundário. O Finghers para além de um muito bom guitarrista, tinha a voz que queríamos ouvir, e eu queria aquela química a funcionar de novo. Portanto as peças estavam lá, era só juntá-las.
Infelizmente há sempre algo que fica para trás. Mas o importante não está no que não se faz, mas sim no que se leva em frente.
No início chamámo-nos Basik (um nome provisório atirado pelo Enri). A primeira música foi uma "Official honest note", em que afirmamos que não queremos saber de nada a não ser divertirmo-nos com isto enquanto der, e para já temos dado concertos que não tem deixado ninguém indiferente.
Chamamo-nos Agressiv, e...
Para já, "We are all".
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Many thanks (como nas palavras de um amigo)
Pronto, agora é capaz de ser mais fácil perceber a lógica dos meus 'projectos paralelos', e 'cd a solo', por exemplo. :')
Por vezes os amigos perguntam mais por simpatia, e a sensação de partilhar é uma boa sensação, mas como é algo complicado, nunca sabia bem por onde começar.
Agora estou mais descansado :')
Obrigado por lerem. :') E pela amizade.
(...quer dizer, com os amigos as coisas têm de ser faladas doutra forma, pois são amigos e não "público alvo" - não pelo menos no sentido sub-meritório - , e por vezes há o medo das coisas se confundirem.)
Por vezes o receio de 'promover', pode dar origem a falta de comunicação, e eu caio muitas vezes nesse erro.
Portantos... :')
(Obrigado Biscoito, pela última intervenção, pois ajudou-me a decidir querer limpar algum pó das prateleiras :) Espero que esteja tudo bem. :')
ok. Agora cá vai uma estória longa e aborrecida (espero que não, mas..) :
Os Dropnoiz acabaram. Tenho uma nova banda - os Agressiv. E estou a acabar de editar um cd com músicas minhas. Mas não começou aí.
I - "Eu também quero..."
Já fizeram - ou hão-de cerrar-se num destes meses - 10 anos desde que comecei a chafurdar com mãos, pés, e ouvidos no mundo da música. Há quase 10 anos comecei a tocar bateria. Na altura foi uma cassete de 'Bodycount' que me convenceu - Born dead. Gostei das letras, a música parecia simples de executar (que ingénuo que eu era!) e estava numa fase de partilhar coisas e ideias com os poucos colegas; ainda menos amigos. E que ideias! Queríamos todos ser vocalista. Passado uns tempos, depois de algum tempo a matutar naquelas coisas, decidimos que tínhamos algo em comum. Pelo menos 3 de nós. Infelizmente eu era o elo de ligação entre os 3. Infelizmente, porque não iria ser 'pêra doce'.
Juntámo-nos os 3 pela primeira vez na garagem cá de casa - só chapas! -, e ficávamos horas a conversar (porque um dos três não estudava no mesmo liceu), a actualizar gostos musicais, arranjar conflitos, e a empurrar instrumentos; ou seja: quem é que não queria ser vocalista? lol...
Como os outros 2 já tinham experiência em instrumentos - guitarra pelo menos -, acabei por ser designado como o elo mais fraco, e tive que começar por algo mais simples. Iria ser o baixista.
Não tínhamos instrumentos, que não fossem duas guitarras acústicas, uma guitarra eléctrica simples e um amplificador de 15/30 watts. Nem microfones tínhamos. Eu ensaiava 'baixo' numa guitarra acústica, fazendo força nas cordas graves para que se ouvisse alguma coisa.
Lá o Alex acabou por ser o derradeiro eleito como vocalista, e era o mais experiente músico (hoje tem mais que 5 projectos musicais, e pelo menos 2 deles dão que falar no underground).
II - "Já viste que horas são? Tem juízo!"
Juntávamo-nos uma vez por semana, aos sábados de manhã - 9 horas. Para estar cá a essa hora o vocalista tinha que se levantar às 6:30. Eu tinha de ir arrastar o outro marmanjo ao prédio que fica a 50 metros de minha casa à própria cama. Não passou muito tempo até que começássemos a recear pela dedicação de quem não se levantava por vontade própria.
Em 99 foi anunciado um concurso de banda desenhada em Matosinhos e os meus professores e colegas incentivavam-me a participar. Penso que foi nessa altura que decidi que uma vez que faltava bateria e baterista na banda, eu trataria de remediar isso. Juntamente com o Alex pensei com seriedade nesta possibilidade, e apesar de algumas confusões, um dos prémios acabou mesmo por me calhar a mim. Como era em dinheiro, aí estava o que era preciso para começar a fazer a minha parte(a sério) na banda. Mas o prémio não foi um dos primeiros, portanto apenas deu para comprar uma bateria fraquinha, em que alguns acessórios foram regateados em favor de outros, pois o vocalista tinha algum material de percussão em casa.
Começámos então a acordar os vizinhos aos sábados de manhã. Até cheguei a ouvir coisas como "Epá, Filipe, eu até gosto disso (e aponta-me para uma cassete de Smashing Pumpkins no carro), mas é um bocado cedo... não achas que podiam fazer isso só mais tarde?" Eu já desconfiava que fossem sintomas de quem se deita tarde. Hoje seria impensável imaginar um ensaio matinal. lol
Fazia a maior parte das letras, porque o vocalista sentia-se familiarizado com o que eu escrevia (em inglês), e ainda chegámos a compor uma música, já com duas guitarras, um baixista e alguns amplificadores fraquinhos. Como o Alex tinha alguma formação em percussão, foi daí que aprendi a dar os primeiros toques na bateria. Passado 2 meses já ameaçava vir a evoluir ao ponto de o rivalizar; mas só depois de vários ensaios em que me deixavam meias horas a praticar exercícios sozinho.
Tínhamos de escolher um nome e foi aí que comecei a interiorizar a importância que isso tinha. Eu podia gostar de uma coisa, mas os outros não. E vice versa. Ponderámos vários nomes, desde Tarmak, Catsize(Capsize/catseyes), a Overflow, e Warbreed. Tocávamos rock básicamente inspirado no que era a "onda" na altura - Nu metal. Éramos novos, e os clichés soavam-nos bem, por isso por uns tempos fomos os Nu-noiz.
A primeira música que fizemos chamava-se "Scared to death" (letra minha), e nas palavras de um amigo na altura, parecíamos "três gajos a fazer barulho, e um como se estivesse na casa-de-banho a gritar". Ainda há gente que pense assim das bandas que a gente ouve, portanto hoje nem me parece um grande insulto.
Penso que nessa altura já só éramos 3, mesmo. O guitarrista vizinho com problemas em se levantar da cama havia sido posto de parte - tarefa árdua para mim, que tive que decidir - devido a 'divergências musicais' e falta de dedicação.
Entretanto começámos a nossa dura busca por um guitarrista, uma vez que o compositor principal queria apenas cantar, apesar de saber exactamente o que queria que tocassem na guitarra. Eu limitava-me a estar ao nível do que quer que ele tocasse. Mas quando tocava não cantava, e quando cantava não tocava. O baixista impacientava-se, e as nossas 'sessões terapêuticas' matinais de sábado de manhã - em vez de ensaios - recomeçavam.
Dois amigos da altura, um novo colega brasileiro, e outro já nosso conhecido do liceu, que de certa forma gostava do que estávamos a construir, assistiram a alguns ensaios (do pouco que se ensaiava), e começaram a ter interesse em ajudar, querendo aprender as coisas que o vocalista fazia na guitarra. Um deles - o Ben, do liceu - tinha uma guitarra e amplificador, e durante uns tempos foi o nosso guitarrista aprendiz.
Para somar mais uma infelicidade, por motivos pessoais o Ben teve que se ausentar da banda e acabou por ter que vender o seu material.
Por uns tempos ficámos desapontados, quer pelos imprevistos, quer por não sairmos da cepa torta.
Entretanto o Daniel - o nosso baixista - recebia uma proposta de ir tocar com uma banda de Espinho/Gaia, também amadora, mas já mais evoluída.
Acabámos por passar um mau bocado, o vocalista e eu. Ainda teimávamos em nos juntar mas já só era para falar mais que para outra coisa.
III - "Afinal é assim? ...eu não sei se gosto do que tu gostas..."
Pensámos em desistir, mas quase que era absurdo falar nisso, porque para isso teríamos de ter existido em primeiro lugar, e nem tínhamos nome, nem músicos, nem motivação. Tínhamos, já, 2 ou 3 músicas; numa boa fase - com músicos, e inclusive a ajuda de um primo meu violinista - havíamos composto uma 'a arrojar para o madura' "I'll love again" (com letra do Alex).
Mas agora não haviam outros músicos.
Passaram uns meses e ele não tinha parado de falar no nosso projecto a colegas (já) da faculdade.
Houveram alguns interessados. Ao todo, hoje, conto que passaram pela nossa banda (e constantes mutações) mais de 10 guitarristas. Muitos sabiam tocar bastante bem para a idade.
Com um Pikus, tivemos uma boa experiência. Ele, aos nossos olhos, era um virtuoso das 6 cordas e com ele compusemos algumas músicas. Penso que os primeiros passos para a "Dramatize", "Monkey" e "Dead child" surgiram nessa fase. Ainda tenho uma vaga ideia de uma música que nunca foi gravada, nem em cassete sequer, e na altura que estávamos a testá-la soou-me mesmo muito bem. Muitas vezes ainda tento repetir o ritmo de bateria que fazia nesse meu 'mito' a ver se consigo repescar o que quer que me soava bem.
Uma das coisas mais interessantes nessa fase, para além de termos incorporado um novo e invulgar elemento - uma segunda vocalista -, foi que eu e o guitarrista ambos gostávamos bastante de Marilyn Manson e Smashing Pumpkins, e em muitos ensaios brincávamos com a "Bodies" dos Smashing, ao que o Lex não olhava com bons olhos. Ele estava a simpatizar mais com material da pesada, e já se começavam a despontar alguns contrastes entre nós os dois. Mas o mais importante para mim era o grupo. (Com o Pikus ainda fizemos uma brincadeira que nos proporcionou um dos ensaios mais bem dispostos que me lembro; inventámos uma 'paródia' à retaliação americana pós 11 de Setembro intitulada "Fight the americans(Allah!)".)
Portanto, quando o Pikus abandonou a banda e conseguimos logo dois(!) elementos novos - baixista e guitarrista - o som modificou-se ligeiramente, e a nossa noção do que era uma banda também.
Convencê-los a ficar na banda foi um episódio engraçado.
Nós dois estávamos à espera deles, quando eles aparecem e nós depois da conversa de apresentações amigável, lhes mostrámos as músicas que tínhamos. (Nem me lembro como o fizemos, porque normalmente o Alex não tocava guitarra e cantava ao mesmo tempo... essa resposta ficou perdida no tempo.) Eles não ficaram impressionados com as nossas músicas.
Curiosamente, foi quando eles deram meia volta e subiram 150 metros para ir tomar café, que, nós os dois - que tínhamos ficado para trás para matar saudades de uma coisa que tínhamos começado a compor no ensaio anterior - os surpreendemos. Desceram e perguntaram "O que é isso? Essa cena soava fixe". Chamava-se "Spine crush", e como o nome sugeria, era uma das mais agressivas que tínhamos feito até então. Ficaram convencidos, e mudámos o local de ensaios para a casa de um deles - em Valadares.
IV - "Valadares, here we come"
Para já a Mariana apenas cantava numa música ("Dead child"), e soava bastante bem, mas com o tempo começou a ter uma importância maior. Era já a faceta de compositor do Alex a evoluir. Eu já havia aprendido bastante com ele - desde fazer escalas numa guitarra, quando tentava ser baixista numa acústica, até ritmos e breaks de bateria -, e ali estava eu a aprender mais umas coisas, ao mesmo tempo que ele as experimentava. Primeiro cantava ele, em voz melódica, depois ela no mesmo registo, depois ela em voz "grunha" - assim lhe chamavam o Telhas(novo guitarrista), e o Cagu(novo baixista, e filho dos donos da casa onde ficava o nosso novo local de ensaios), ambos de Valadares. E os vocalistas lá continuavam num passar de testemunho com a voz até aquilo se tornar numa dança confusa mas com algo para 'desenliar'. E isso era novo.
O Telhas era um guitarrista melhor que o Pikus, e isso sempre nos motivava; ter alguém melhor. O novo baixista era um músico tão dedicado como qualquer outro, e como todos nos esforçávamos ao mesmo nível, esta acabara por ser mesmo a primeira experiência do que era estar numa banda a sério.
O vocalista e compositor sempre quis criar material novo e renunciar 'covers' (como o "Wiked game", que tínhamos sido obrigados a ensaiar anos antes, para aprender a tocar juntos) e com esta motivação, juntaram-se às músicas que já tínhamos, e que ganharam outro fôlego, mais umas 5 ou 6 músicas novas, todas originais - a dita "Spine crush" e a "Nightmare", entre outras. Por esta altura o principal compositor já começava a misturar letras dele com algumas coisas escritas pelos outros elementos. Desde que comecei a ganhar confiança na bateria que assumia total responsabilidade pelo que criava no meu instrumento - pelo menos aí também eu era compositor - e por vezes o Alex não concordava com algumas ideias, mas encontrávamos sempre um meio termo. O pedal duplo é que sempre foi um problema, entre nós.
Tínhamos músicas, tínhamos músicos, até um nome(difícil de decidir) - Screwed up Fairytale -, logotipo, e até alguns elogios, principalmente aos "grunhos" dos 2 vocalistas e às guitarradas.
Por esta altura, o Ben já havia estabilizado um pouco a sua disponibilidade e aparecia nos ensaios para nos mostrar o seu apoio, tal como no início da nossa aventura. Foi muito importante sentir aquele elo de ligação com o início de tudo.
Até 'bandas vizinhas' tínhamos. Só nos faltava uma coisa: dar o primeiro concerto. E démos.
V - "%#&€*£!!!!.. Tenho medo!"
Foi em Maio de 2002, se não estou errado. Lembro-me que meses antes até havia incorporado um espectáculo que aconteceu na faculdade - Festa da Lusofonia - para enfrentar o meu receio de subir a um palco. Resultou, portanto não havia motivos para o concerto não correr bem. Ou havia?
lol... Aprendemos da pior maneira a "nunca ensaiar no próprio dia do concerto". Havíamos ensaiado todos os fins-de-semana (que era quando eu podia vir da faculdade), aos sábados e domingos. Por vezes arrastávamo-nos uns aos outros para um bar, e no domingo seguinte estávamos comprometidos a comparecer, mesmo que ressacados, no local de ensaio. (Muitas secas à espera que todos chegassem, enquanto o Cagu nos ia deixando o mais à vontade que dava...)
Por termos ensaiado no próprio dia do concerto, de tão tensos que estávamos, acabámos por assistir à tragédia de eu ter rebentado uma das peles da bateria - a do bombo. E precisávamos de levar a bateria para o local do concerto (o Orfeão de Valadares). Ficámos passados. O nosso primeiro concerto.. e acontecia-nos aquilo. Se já estávamos ansiosos, então aí é que ficámos acelerados.
Uma das divisões da casa do baixista parecia um cemitério de instrumentos e acessórios - tal era o número de bandas que já tinham passado por lá. (Isso fazia-nos - a mim e ao Alex - sentir inferiores em comparação, como músicos, mas sabíamos que sendo nós a 'mais recente escolha', e mais um passo em frente na 'carreira' do baixista, só podia ser bom sinal.) E lá conseguimos encontrar umas peles, e experimentar, mas todos os bombos tinham dimensões diferentes, e acabámos por colar a pele do meu bombo com fita cola e colocá-la de novo no sítio.
Fomos horas antes para o sítio marcado, e íamos tocar com mais 3 bandas. Pelos elogios que nos eram feitos nos ensaios, prometiam-nos que seríamos a penúltima banda a tocar, seguidos da banda do momento lá na terra, os Line Out. O tempo voou, e a nossa ansiedade fazia-nos ser imprevisíveis. Uns desapareciam, outros estavam inquietos atrás de toda a gente a querer saber pormenores do que iria acontecer... eu estava com um abismo no estômago. Hoje dizem-me que podia ter sido, tipo, uma úlcera nervosa a despontar. Lembro-me que por mais que comesse, os ácidos não paravam de me fazer sentir perfurado através do estômago. Muito mau. E faltavam 15 minutos para o concerto. 5 minutos. Era a nossa vez.
Subimos ao palco. Éramos a segunda banda e não a terceira banda a tocar - a seguir a uma banda fraquinha de rock, e antes de uma banda de covers com uma má/mau (não me lembro) vocalista. Eu ia tocar com a bateria dos Line Out - os 'cabeça de cartaz'; a minha estava em cacos.
Nos 'camarins' havíamos gasto todas as maluquices visuais que nos ocorriam na mente, e entrámos em palco a chocar o público, com as cortinas a abrir e nós já em palco, pintados, remendados, feios, esquisitos, com vendas e ligaduras, vermelhos, pretos, com saias, ou calções, o que fosse e sem vergonha. Fomos uma banda, e demos o melhor concerto que podíamos.
Só no último concerto dessa noite - dos ditos Line Out - voltámos a ouvir os mesmos aplausos que vieram para nós, uma hora e pouco antes.
Tornámo-nos numa banda que tinha chamado à atenção das pessoas que estiveram no concerto nessa noite. Entre elas estava o Ben, o 'Buda', que era seu amigo (e que seria o primeiro fã de Dropnoiz), a minha irmã, uma amiga dela, e um primo nosso (o que anos antes tinha tocado violino numa música nossa, e anos depois me pediria para fazer a capa do CD do seu 'grupo de fados').
O pessoal de Valadares ficou a saber o nome da nossa banda, e sentimos que podíamos trabalhar tudo isso, evoluir e tentar ser uma boa banda portuguesa dentro do género.
Isso se não fossem os vizinhos do nosso baixista.
VI - "Outra vez???..."
À terceira intervenção/interrupção de um ensaio por uma vizinha que morava num prédio a mais de 500 metros de distância, dessa última acompanhada de um documento da câmara, e de um 'guarda-costas', a mãe do Cagu proibiu-nos de voltar a ensaiar lá em casa.
Tínhamos acabado de subir, e de repente arrancavam-nos as asas.
Podíamos ter seguido por várias hipóteses, mas nenhuma parecia ajustar-se às nossas delicadas medidas: eu estava a estudar longe e não poderia passar todos os fins de semana em casa, quanto mais uma vez (adicional) a meio da semana, daí que não falavam sequer na hipótese de voltarmos para a 'minha' garagem. Havia a hipótese de alugarmos um espaço, mas dependendo dos pais, que não apoiavam a nossa alucinação; portanto era uma opção improvável. Tudo ficou muito turvo. Para piorar, enterrámo-nos num silêncio mútuo, que me fez pensar nas coisas negativas, como o ter de tocar pedal duplo na bateria e não me sentir estimulado para o desenvolver - pois envolvia o esforço de pelo menos 2/4 horas de prática semanal, sozinho, e a frustração de estar a estudar longe, não poder tocar bateria e não poder dedicar mais tempo aos ensaios, que nessa fase já nem existiam. Eventualmente acabei por falar-lhes em ceder o meu lugar de baterista a outro, para não 'cortar as pernas' aos outros elementos da banda, mas a reacção foi ainda mais indecisa. Comentou-se que efectivamente isso podia funcionar, mas que a (já mencionável) química entre os elementos não seria fácil de reproduzir, e que não havia local nem dinheiro para alugar um sítio. E voltámos a ficar em silêncio.
Esse silêncio deu origem a uma silenciosa separação.
Durante quase um ano não perdi o contacto com o Alex, e por consequência com os outros, mas não falávamos em tocar, nem em voltar a fazer música. Pelo menos concretamente, não.
VII - "E se eu..."
Durante esse ano, acabei por ficar dedicado a passar tempo na Covilhã, e levei para essa casa uma biola antiga do meu pai - 'restaurada' por um antigo colega e vizinho. Acabei por me recordar de novo das escalas que fazia, e comecei a 'inventar' acordes. Com o tempo fui inventando músicas de 2 acordes, e quando tinha oportunidade azucrinava a paciência dos meus colegas de curso com as minhas incessantes sessões de 'monólogos jazzístico-isolados'(sem cantar, note-se) agarrado a qualquer guitarra acústica que encontrasse, enquanto eles tentavam conviver fosse no jantar que fosse, em casa de fosse quem fosse. Toda a gente tocava/tinha tocado numa banda. Toda a gente havia levado uma guitarra consigo. Eu apenas pegava nelas e dava-lhes uso.
Habituaram-se a aturar-me como quem atura os vagabundos da rua de Sta. Catarina. E eu ficava-lhes grato por não me insultarem. Ouviram as minhas estórias e ambições com atenção quando a banda ainda existia, e agora eu simplesmente usava a música que tinha interiorizado dentro de mim em quase tudo. Foi uma fase de redescoberta.
Depois dos jantares de curso, em tascos, ou restaurantes, em que todos saíam a cantar, eu desafiava colegas que se lembravam de arriscar levar uma guitarra para a rua, a tocarem músicas de Nirvana, ou System of a Down, ou até Rolling Stones lá no meio da rua, e ficávamos a berrar os refrões até não ter mais vergonha na cara. Aí seguíamos atrás dos outros estudantes. Quando dei por mim, reparara que não era o único que sabia cantar, ou tocar um instrumento, e ali estavam muitos, que abandonaram a sua música, e iriam partir para um emprego, e que eu tinha seguido todo aquele percurso só para chegar ao mesmo ponto que eles. E era verdade. Percebi isso.
Mas não tinha de fazer igual.
Aproveitei que tinha a guitarra, e vontade de dizer coisas, para criar umas músicas. Continuava a escrever letras, e talvez um dia tenha mostrado alguma a uma colega minha... lembro-me de ela me ter desafiado a escrever em português, por bons argumentos. Tinham existido os Censurados, e haviam ainda, na altura, os Ornatos Violeta. Senti que não seria má ideia de todo. Comecei por criar algumas canções em português. Ainda hoje não sei como os meus colegas dos quartos ao lado do meu não me partiam a cara, tal era figurinha (o barulho) que eu fazia quando tocava guitarra e "cantava", sozinho. Devo ter feito umas 15 músicas assim, e mais letras ainda, e isso reforçava a minha necessidade de fazer alguma coisa sozinho. Cheguei até a dar um concerto num evento que era uma 'feira do emprego' lá da faculdade, em que 2 pessoas foram comigo, ficaram a ouvir-me e me deram conselhos no fim. Ainda me lembro que uma rapariga, que conhecia de um curso paralelo ao meu, simpática que lá estava numa das bancas, ouviu e elogiou-me no fim. Penso que foi uma recompensa pela minha coragem.
Com o passar do tempo, sentia cada vez mais a necessidade de me aproximar dos tempos e da sensação de quando fazia música com a banda, e quando dei por isso estava a fazer música mais agressiva também na guitarra acústica, e a escrever letras mais incisivas e pontiagudas. Tudo muito filosófico; tudo muito autodidata.
Queria uma identificação que não me comprometesse, pois hoje podia cantar em português, amanhã e inglês. Decidi que seria um número, pensei no termo industrial - o que levou o meu raciocínio até à revolução industrial - e em Manson, e decidi: 1769.
Nunca gostei muito de Mão morta (pelo A.L.C.), contudo o primeiro elogio tipo crítica musical que recebi foi que "soa(va) a mão morta". Fiquei corado, porque no fim de contas reconhecia-lhes valor, e a comparação significava muito.
Entretanto, soube que o Alex também fazia coisas, como continuar os estudos, compor para ele e andar em aulas de guitarra. Ao fim de um ano, saídas de amigos, e idas a festivais de música, durante o qual reforçámos a amizade com o Benjamim, voltámos a falar em fazer alguma coisa. Mas isso só aconteceria quando eu estava prestes a acabar o curso (2004). Entretanto, ele ia ouvindo algumas das minhas coisas, mas sempre me pareceu que ele preferia ser reservado no que dizia. No entanto, em alguns momentos motivou-me o suficiente para eu ter confiança no que estava a fazer.
Também nesse período experimentei uma coisa diferente.
Com um amigo da faculdade produzi uma curta, realizada por esse último, e decidi fazer a banda sonora. A bateria foi carregada para a Covilhã (pelo Afonso ;-) e o tal realizador levou para sua casa uma (imagine-se, até ele!) guitarra electro-acústica. Fiquei burro. E apaixonado; som lindo. Era uma Aria, e nunca mais ouviria o som de uma guitarra acústica normal sem pensar no som daquela, e das suas 6 cordas de aço.
E assim comecei a planear sons, e ideias e letras e tudo isso, juntamente com a opinião dos músicos de última hora que queriam fazer parte daquela 'coisa' que era fazer o filme.
Experimentei ser eu a compor, e o Alex a intrepertar, desta vez. Ao que ele consentiu participar na experiência, e apesar de tudo, até foi algo engraçado. Hoje faria tudo diferente, mas na altura foi a nossa colaboração a partir de ideias minhas para dar som a uma tragi-comédia.
VIII - "Bora dar um último suspiro?"
Com o tempo, e chegado o final do meu curso, ressuscitámos a 'fera', e chamámos-lhe Dead machine rising. Com o Benjamim como baixista, e nós nos cargos de guitarrista/vocalista e baterista, voltámos a ensaiar, desta vez com uma forma mais séria de ver as coisas, imaginando a inevitabilidade de, face a um emprego, a música não passar de uma actividade paralela, e conscientes (agora) da dificuldade de construir uma música de Body count.
O Benjamim já havia tido a experiência connosco no início, e não se privara de nos ensaios que tinha assistido, brincar de vez em quando com os instrumentos. A par disso, ele também tinha a sua guitarra acústica (Damn! Everyone does...), e não foi difícil ele pegar o jeito do baixo. Foi bem mais séria a decisão de o comprar. Feito isso compusemos algumas músicas. Ao todo apenas 2 delas foram realmente composições assumidas.
O recomeçar do zero, já nessa altura, era algo que começava a fazer perfeito sentido. Era o romper com tudo de errado que tinha acontecido antes. Mudar e evoluir - seguir em frente. Infelizmente, o espírito crítico e a ambição do vocalista/guitarrista tinham crescido demasiado desde 'Valadares', e nenhum segundo guitarrista sobreviveu tempo suficiente, ao que se voltava a juntar o incontornável problema do pedal duplo(na bateria), num estilo que se revelava cada vez mais violento.
Tínhamos seguido por caminhos diferentes e só passado uns meses admitimos isso, já o Alex estava a tocar guitarra numa outra banda, e o Ben decepcionado com a nossa falta de dedicação ao trio. Recompus-me e tentei manter pelo menos a nossa amizade, entre os 3, mas algo tinha corrido mal e tudo o que pude fazer foi acompanhar o percurso do compositor que cresceu comigo de longe, e tentar manter o outro meu amigo por perto, já que nenhum de nós os dois tinha outra actividade musical a que se agarrar, e agarrámo-nos a algumas cervejas em que falávamos do percurso, do desperdício, e dos sonhos.
O percurso do Alex ainda não se tinha isolado completamente do meu, e, depois de ter saído de uma banda de 'putos' em que tocava bateria para um primo da sua 'ex', falou-me da possibilidade de eu ir tocar bateria a sério para eles. Mas eram 'putos', e fazer viagens de 4 horas num domingo, para tocar uma ou duas, não compensava nada (o local de ensaios tinha sido mudado para Vila do Conde se não estou em erro). Para não falar na seriedade.
Entretanto também numa saída com colegas metaleiros do Porto, tinha cedido ao convite de uns músicos que tinham uma banda em comum e precisavam de baterista, em Ermesinde. Não durou muito (e foi até antes da experiência com os 'putos'... e mais infantil). A falta de seriedade da parte deles, fez-me nunca mais querer saber do que lhes aconteceu, até hoje.
IX - "...o que é que foi agora?...Ah, vá lá!"
Por coincidência, passados tantos anos, conheci alguém que conhecia em primeira pessoa o (grande) baterista dos Genocide, que por coincidência, tinha sido professor do meu 'professor' no conservatório. Há anos que gostaria de ter aulas com ele, pelo que ouvia de bom sobre a sua técnica na bateria. Acabei por chegar mesmo a falar com ele e disse-me que apesar de já não dar aulas, abriria uma excepção por lhe dar algum jeito na altura.
Sinto-me orgulhoso, hoje, pelos seis meses em que aprendi bateria com ele. Infelizmente nunca consegui acompanhar o ritmo da aprendizagem teórica com a prática, e isso fez com que começasse a ser inútil perder o meu tempo e fazê-lo perder o dele.
Mas por essa altura, um colega meu do secundário, ao ver-me de volta à terra, e sabendo que eu tocava bateria, perguntou-me se eu não estaria interessado em dar uns toques com a banda em que ele estava, pois o vocalista dessa mesma estava a tocar bateria e a cantar ao mesmo tempo, e precisavam de corrigir isso.
Foi no fim de uma das últimas aulas de bateria que recebi o telefonema a dizer "vamos fazer um ensaio/audição hoje". Saí do comboio em Paramos, e foi assim que nasceram os Dropnoiz.
Demo-nos logo bem à primeira. Eu já conhecia o estilo do Enri na guitarra - o amigo que tinha feito o convite em primeiro lugar -, de uns toques que dava com o Daniel (já depois da sua banda de Espinho/Gaia ter terminado) e os amigos que apareciam, em jeito de ensaio na brincadeira.
Já começava a sentir uma admiração crescente pela força original do Rock em lugar do descontrolo de muitas motivações do metal, e a química rock que era libertada nos ensaios dos Dropnoiz eram exactamente o que eu queria na altura.
Tudo correu perfeitamente bem. Desde nos darmos bem como colegas, mais tarde amigos, até ao facto de criarmos uma música nova por mês. Ao fim de quase um ano estávamos a dar concertos, e todos correram bem. Os comentários começavam a ser ouvidos. Éramos uma banda de interesse na zona e as coisas estavam no bom caminho. Mas a química começava a sofrer alguns golpes por divergência de decisões. Uns até eram capazes de tocar na rua, outros apontavam que só com material de amplificação de topo é que dávamos o 'próximo passo'. Estivemos assim durante mais uns tempos.
A par disso, o Finghers - o tal vocalista que tocava bateria para desenrascar - tinha outra banda; uma banda mais na onda metal/gótico, e eu depois de ouvir umas músicas dessa banda em cassete acabei por achar interessante ajudá-lo nessa banda, até porque eu também simpatizava com o som, na onda de Moonspell, entre outros nomes.
Chamavam-se Wolvengard, e como também precisavam de baixista, foi a desculpa ideal para eu meter o Benjamim ao barulho, outra vez. Chamei-o e a reacção foi boa, logo no primeiro ensaio. Um dos elementos era de Lisboa, e isso trazia alguma instabilidade à ideia de um avanço rápido deste projecto que já tinha mais de 3 anos. No entanto todos os 5 elementos - somando com o teclista e principal orientador da banda - continuávamos a ensaiar, uma vez por mês, e a compor novas músicas.
Quando se ouviu que uma nova banda da zona - os Dropnoiz - iam dar o seu primeiro concerto, alguns colegas começaram a falar, e, como o mundo é pequeno, quem dentro dos Wolvengard não sabia da existência dos Dropnoiz - que o Finghers tinha criado às escondidas, por receio de haver problemas por estar a usar material comum às duas bandas - acabou por saber da existência da banda da pior maneira: assistindo ao seu primeiro concerto.
Isso naturalmente fez com que o teclista e principal motivador dos Wolvengard se sentisse mal, e isso levou a que abandonasse a banda, ficando o barco à deriva, sem um capitão. Os marujos acabaram por tomar conta do barco em conjunto, alterando coisas, como a identificação, que viria a ser [VIII.II.D] - hatred - e passava a ter uma sonoridade mais dispersa e dinâmica, mas, mesmo assim, sem o mesmo propósito de antes, já que o bom ambiente tinha sido corrompido por aquela falha.
X - "Ups... desta eu não estava à espera."
Passados os concertos dos Dropnoiz e chegada a fase de hesitação, algumas outras coisas aconteceram, como o prémio dos americanos ao videoclip, e a pressão de eu querer aproveitar a onda de popularidade de um para mostrar o que 4 conseguiam fazer.
Tirando a emissão da "Black Stone" na Antena3, nada mais de bom uma coisa fez pela outra.
Foi algo diferente para mim, e no fundo, já parecíamos estranhos. Metade forçava-se a tentar gravar algo à pressa para aproveitar a onda, enquanto outra metade apenas queria continuar a levar as coisas na boa e de forma natural. Por vezes é preciso empurrar um pouco, mas aquela fase foi um exagero. Demos um último concerto no Improviso, um bar que nos acolhia com um bom ambiente, e passado uns ensaios não resistimos à tensão, começando o castelo de cartas a desmoronar, um por um.
O curioso é que o Ben assistiu a esse mesmo ensaio.
Por vezes estar numa banda pode significar guardar muito lá dentro por um bem maior, e quando tudo sai de uma vez as coisas acontecem.
A banda acabava.
Com todo o frenesim Dropnoiz/exposição mediática/Antena3/Sonny bmg/Incubus, os [VIII.III.D] tinham ficado para trás, e com isso a dedicação do Ben - que não cessava de se oferecer para ensaios à semana, nem que só com 3 elementos - ficava abandonada por terra. Talvez o Finghers partilhasse da mesma opinião que eu, que "os Drop primeiro!", mas quando os Dropnoiz acabaram, e o Ben se afastou, ficámos de rastos.
Falámos com o 'lisboeta' a avisar que era melhor fazermos uma pausa na (outra) banda, e retirámo-nos a um certo silêncio.
Quando os DMR(Dead machine rising) tinham acabado, 2 anos antes, eu tinha comprado um computador novo, e com os instrumentos na garagem usava o computador para gravar umas ideias minhas, faixa a faixa. Foram as primeiras demos que fiz para o meu projecto a solo, e quando enviei a primeira música para o Alex, por mail, a reacção não podia ser mais motivadora.
A par disso, ele ia fazendo as suas coisas a solo - Ishkur -, também. E isso foi interessante, ver um projecto a multiplicar-se em 2 (hoje mais do que dois).
Estas minhas músicas 'demo' já levavam o nome 1769, e entre elas estava "Automártir", e "Ser animal", duas músicas com voz, bateria, guitarra, e (suposto) baixo; uma espécie de punk rock barulhento, com uma voz a roçar o gutural nos melhores momentos.
E quando os Dropnoiz acabaram, foi para aí que eu me virei novamente. Como que a desafiar-me e a desafiar as dúvidas que caíam sobre a minha determinação (quase como se dependesse dos outros e sem eles parava de fazer música), e provei que tinha já algum material - nove novas músicas - composto desde Maio do ano passado e que o iria gravar como deveria ser. Obviamente todos me animaram e disseram que era uma boa coisa a acontecer, e deram força para ir em frente. Mas na verdade o que eu também queria era vê-los ir em frente também.
Felizmente, isso aconteceu.
XI - ...And so it "begins".
Entretanto havia restabelecido o contacto com o Ben, e ele acompanhou-me nas gravações de 1769. Passados uns meses o Finghers desabafou comigo que queria voltar a fazer música, e concordámos que era algo muito raro o que tínhamos tido com os Dropnoiz, e que seria difícil recuperar isso, quanto mais superar. Mas também partilhava da opinião de que fazia falta fazer música em grupo e sentir de novo essa química.
Parte dessa química vinha da forma selvagem como o Enri se enleava, perdia e decifrava a guitarra, e sem isso muito do resto não fazia sentido. Também não fazia sentido eu imaginar todos os dias que o Ben dava um baixista extraordinariamente motivador numa banda e deixá-lo num projecto secundário. O Finghers para além de um muito bom guitarrista, tinha a voz que queríamos ouvir, e eu queria aquela química a funcionar de novo. Portanto as peças estavam lá, era só juntá-las.
Infelizmente há sempre algo que fica para trás. Mas o importante não está no que não se faz, mas sim no que se leva em frente.
No início chamámo-nos Basik (um nome provisório atirado pelo Enri). A primeira música foi uma "Official honest note", em que afirmamos que não queremos saber de nada a não ser divertirmo-nos com isto enquanto der, e para já temos dado concertos que não tem deixado ninguém indiferente.
Chamamo-nos Agressiv, e...
Para já, "We are all".
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Many thanks (como nas palavras de um amigo)
Pronto, agora é capaz de ser mais fácil perceber a lógica dos meus 'projectos paralelos', e 'cd a solo', por exemplo. :')
Por vezes os amigos perguntam mais por simpatia, e a sensação de partilhar é uma boa sensação, mas como é algo complicado, nunca sabia bem por onde começar.
Agora estou mais descansado :')
Obrigado por lerem. :') E pela amizade.
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