sábado, 24 de julho de 2010

Filmar o dia de hoje :) [24 Julho]

O Ridley faz o chamamento, todas as pessoas com acesso a net e possibilidade de contribuir podem fazê-lo. Só temos de filmar algumas coisas que façamos hoje - essa é a premissa: o que acontece no mundo num só dia - e enviar só daqui a 2 dias(amanhã é pa trocar msgs com o sr Scott para ele ter uma ideia de quem filmou o quê, provavelmente para orientar os uploads do dia seguinte). Hoje é o dia das filmagens. Nem que só 5 minutinhos de algo que consideramos banal, mas pode ser útil; é um projecto entusiasmante, pois não haverá guiões com ficção nem 'esperar pelo dia certo para filmar aquela coisa espectacular', é suposto ser mesmo o que aconteceu num só dia - o dia de hoje(sábado, 24) :)
Aqui ninguém é particularmente especial; tudo é importante; todos são :)

http://www.youtube.com/lifeinaday



acho que vou passar o dia com uma câmara na mão X'D

sábado, 10 de julho de 2010

Somos mais velhos e estamos aqui. Porquê?, d'you know what i mean?

Antes de mais há que dizer que este é dos concertos que me levou(ainda leva!) mais tempo a digerir.

Quando todo o público já não conseguia mais olhar para as enormes cortinas vermelhas que forravam o palco e já só queriam ser 'put out of their(self) misery', entra sem espera, sem pompa & circunstância, nem qualquer tipo de stage-protocol, Mike Patton practicamente ao mesmo tempo que os seus colegas de banda com um pequeno 'piano-de-sopro' através do qual entoou a melodia de "Midnight cowboy", música feita para o clássico de '69, acompanhado por toda a banda que ia acrescentando intensidade à música instrumental conforme esta se ia aproximando do fim, em jeito de busca apoteótica, ao passo que as luzes também se intensificavam, saíndo do vemelho que criava uma penumbra tensa e soturna. Num tempo em que intros e outros são quase obrigatórias tanto em cds como em espectáculo, os FNM surpreendem por aparecer com uma tocada pela própria banda, e por esta ser logo uma versão de outro artista. Por aí já dava para ver o quão incomum era a filosofia que a banda - e principalmente O homem que é pacticamente 50% desta - iria apresentar em palco.
Quando rasga o instrumental de 'From out of nowhere' ninguém ficou indiferente e logo os ânimos revelaram que nem todas as horas de espera e cansaço acumulados teriam efeito algum sobre a adrenalina que ali se partilhava, fazendo todo o tempo dispendido e acumulado nessa "via sacra" não parecer mais que 'a minute here, and a minute there'.
Desde logo Patton aponta o megafone ao público e por momentos parecia que nos queria alvejar através dele, tal era a forma como assumia a sua posição de "vocês não nos estão aqui a fazer favor nenhum; fazemos isto só porque sim!". Também é impactante o facto de que estamos a assistir a um bando de post-midlife'crisis-men vestidos como banda-de-baptizados-e-casamentos(todos excepto o baterista Mike Bordin).
Os improvisos vocais de Patton a meio da música e a forma como atiçava o público como um pirralho faz a um cão esfomeado era mesmo algo que fazia aumentar os níveis de algo que viria logo logo a seguir: 'Be aggressive' :D Obviamente que os níveis de entusiasmo nesta música foram elevados, enquanto todo o público tentava entoar o refrão que exigia já à partida algo feito por um coro que eram os miseráveis que estavam do lado de cá da barricada. Infelizmente só mesmo o teclista Roddy Bottum conseguia estar à altura da tarefa, uma vez que a complexidade do ritmo-nas-palavras enleava a língua dos fãs esforçados. Mas tivémos de engolir o sapo entoando com o vocalista o vampírico verso "and i swallow!!" Passei uma boa parte desta música a mandar sms ao pessoal da banda, já que o nosso nome partiu, em parte, do nome desta música(mas não só :) Ouvi-la, inesperadamente, neste concerto foi uma forma de motivação muito particular.

'The real thing' foi uma surpresa enorme para mim, pois este foi um dos álbuns que ouvi e me passou ao lado, talvez por alguma imaturidade. Digo isto pela força da música e a forma como me deixou rendido. Foi também mais ou menos a primeira do concerto em que abrandaram um pouco a meio para que todos entrássemos no espírito mais experimental/ambiental criado pela banda, e para que Patton tivesse algumas convulsões de espírito possuído enquanto a tensão aumentava ao som de "I know the feeling/ it is the real thing". Uma música repleta de mudanças e vários impulsos sonoros de contraste enorme, nomeadamente no registo vocal. Só agora consigo apreceber-me do que tive à minha frente, tendo tomado por garantido algo que só agora percebo ter sido practicamente irreal: é impossível fazer aquilo com a voz; quando se desce a uma temperatura de graus negativos, congela e se é atirado logo tipo cubo de gelo para uma fornalha, o cubo estala!, parte!, não fica intacto... Como é que ele consegue?
(...)
O público começa a cantar "Olé, olé, olé" e Patton no seu brasilês(quantas mais surpresas tinha ele na manga???) adverte "ainda não, não agora". Não percebi. Saem-se com uma música calma e aí pensei que fosse essa a razão: 'Evidence'. O maestro indica-nos que estalemos os dedos em vez de bater palmas ou ficar simplesmente desorientados. Havia uma diferença nesta 'Evidence' em relação à versão do cd; esta estava a ser cantada, practicamente toda, em português. "...God is just a evidence... Eu não senti nada, não teve significado algum..." WTF??? O frontman esforçou-se muito e esta dedicatória é símbolo de uma dedicação especial, tenho de admitir, mas muito humildemente digo que adoro a versão normal :'P ..foi estranho, mas mesmo assim reconheço-lhe o Grande mérito.
'As the worm turns' revirou o cenário de calmo e acolhedor para algo novamente caótico, rápido, torbulento e de uma experimentação endiabrada de deixar uma pessoa a pensar "o que se passou aqui?". E de repente vem mais um exemplo de união perfeita das duas naturezas a que os FNM nos habituaram: 'Last cup of sorrow'. Os teclados como campaínhas chegavam-nos aos tímpanos, Patton adeverte, recorre ao megafone, cai rebola e avisa "It's your last cup of sorrow/ what can you say? Finish it today". E é então que chega mais um momento do meu favorito King for a day, fool for a lifetime: 'Cuckoo for Caca'. Que dizer? Foi como se 'O exorcista' estivesse a acontecer em palco, à nossa frente: instrumental do mais fenomenal que um dia me serviu de inspiração, e o homem endiabrado a devorar o micro com grunhidos como "sh#t lives forever, cause sh#t lives forever" e imediatamente a seguir encarnando um devilish-poo gritando "you can't kill me!" que mais no fim manipula numa pequena mesa que tem ao seu lado, donde saca uns improvisos esotéricos de manipulação da própria voz, e que contribuem para criar um ambiente de experimentalismo para ao qual os colegas abrandam e dão espaço, e faz deste mais um momento sigular. Nunca pensei reescutar esta música desta forma. Mas na verdade nenhum dos que estávamos à frente pensou: não dava tempo, pois precisávamos de nos debater contra o devilish-poo attack X'D

E sem mais cerimónia somos levados "pela mão" para algo mais calmo a convite de uma 'Easy' que quase ninguém gosta de admitir que gosta, mas toda - TODA! - a gente cantou em coro. Revigorante.
Mas é com 'midlife crisis' que a banda me arrebata sempre!, e não houve excepção nesta noite. Os meus joelhos renasceram, e todos na frente saltámos que nem doidos ao som de "you're perfect, yes it's true, but without me you're only you", e foi particularmente intenso o momento e que o maestro deu sinal à banda para que parasse e tivémos oportunidade de cantar para eles, retomando ao fim de uma wacky-instrumental-intervention e matando a besta que é aquela grande música. Agradece com simples e largado "obrigado", ou "obrigadíssimo", e olha-nos meio de lado, mas a gente não quer saber. Estamos ali para a música e ele apenas calhou de ser o diabo iluminado que a conseguiu fazer. Ele sempre foi bom na 'Gentle art o making enemies' ;') "if you won't make a friend now, one might 'make' you", "there's no easy way out!" e uma das melhores malhas deles está-se a tornar uma realidade em palco. contrastes de frio-quente, quente-gelado, devilish-quente, contratempos de jazz adaptados para o rock e as acelerações deixam-nos derrotados, rendidos e sendentos por mais. Queremos virar cinzas em frente ao palco e 'Ashes to ashes' rompe com o riff mais à Alice in chains que os FNM têm de seu. Lindo! "Smilin with the mouth of the ocean, And I'll wave to you with the arms of the mountain" e ele grita que nos vê! Os solos que Jon Hudson debita em palco jamais poderã ser ignorados (apesar de não tentar sequer fazer frente ao protaginismo agocêntrico de Mike Patton), tendo nesta música momentos brilhantes, mas já os tendo tido também com 'Easy' e 'Gentle art... enemies', anteriormente. "Be closer" acaba Patton a debitar pelo microfone já massacrado de tanta porrada sónica.
"Para os amantes" adverte o vocalista como que fazendo sinal de aviso que aí vinha algo inesperado para os mancebos que se alistaram à frente. Este nunca foi homem de um amor só - comprovado pelos imensos projectos pelos quais se distribui - e descer do palco, pelo corredor a meio do recinto através do público, ao som da ultra-melting-heart-romântica em falsete 'Ben' dos Jackson 5(surpreendente, uma vez mais), o maestro ergue-se no meio do recinto para os amantes, que estariam lá atrás resguardados.

Somos "mal educados", "bestas" e nem um monitor de som conseguimos ter a funcionar para o homem em cima do palco, quando ele tenta ser 'King for a day'**, mas realmente também depois de lhe terem tentado roubar um sapato enquanto se atirava para o público na música anterior não deve ter jogado muito a nosso favor. Até teve de o resgatar agarrado em dentes para não o perder!
Para descomprimir, pelo desenvolver da intensa e muitas vezes menosprezada música sobre um aniversário amargo** (is it?) o vocalista apresenta-nos uma forma de acompanhar a música com palavrões(.pt) ditos ao ritmo da música, quando a banda se perde no maior e mais intenso jogo de experimentalismo do concerto, com teclados, percussão surda, ruídos e Patton a manipular na sua pequena mesinha os também surdos palavrões portugueses. Foi um dos melhores momentos pela sua pureza de criatividade musical; já não estavam a executar: estavam a criar. Eu não soube como conter a minha indignação. É como se não fosse possível reunir todos os estados de espírito necessários para assistir a todas as nuances de um concerto de Faith no more em tão pouco tempo. E em tempo nenhum, se fechássemos os olhos, o palco era um zoo, uma floresta povoada por sons de agitação nocturna.
Finalmente a selva é devastada para que se dê lugar a uma das músicas mais aguardadas - provavelmente a única que consegui apreciar do dito album Real thing desde o início: 'Epic'. O nome diz tudo, a música é provavelmente o momento mais épico da banda e em palco concretiza um momento solene em que o público tanto entoa em coro "is it!.. what is it?.." como sente o aproximar de algo que se fecha, como que a eminência do clímax. E eis que a música termina, com a linda linha de teclado que Roddy Bottum executa de forma imaculada.
No fim Mike Patton tira dois dedos de conversa para deixar o público confuso, com divagações estranhas, acerca de "estamos aqui.. porquê, se somos mais velho?" (???) partindo de seguida para a "última música": 'Just a man'. Fusão intensa de balada, com rock, e refrão gospel, nem o baixista Billy Gould conseguia estar quieto(a verdade é que foi dos mais agitados em palco), nem Mike conseguia tirar o microfone dos dentes(!!!), eticando-se todo para uma extremidade do palco e ficando apenas suspenso pela tenão do cabo e pela forma como so seus dentes prendiam o micro enquanto cantava(!). "É possuído", "É o patrão" são palavras das mais usadas para designar o homem que teimava dizer que não passava de mais do que apenas um homem. Fim com um último improviso à capela de Patton, que subia de um tom rouco e grave até um falsete fortíssimo e oscilava entre os dois, antes dos últimos acordes da música.

Só espero que nós tenhamos estado à altura, pois eu sinceramente não sei se estive lá. Era como estar a ver os Faith no more, mas não conseguir perceber, no momento, a língua que eles falavam.
Mas o concerto ainda não havia terminado e enfim chega o 1º de dois encores:
primeiro começa por perguntar se queremos ouvir fado, para de seguida gozar com o baterista - que digo, é um dos mais reputados da cena rock/metal, tendo já tocado, após a cessação dos Faith no more, com gente como Ozzy Osbourne, Korn e Jerry Cantrell -, tendo reclamado, teclista e público, em socorro do percussionista. É então dedicado o(adiado no início) 'Olé, olé, olé' à miséria da selecção portuguesa no mundial(lol), que começa só com ele e o público e ganha força no instrumental que vai, em jeito de improviso, primeiro aparecendo e logo subindo, para então dar lugar a um 'Chariots of Fire'(Vangelis) que culmina numa 'Stripsearch', do último Album of the year. Música conhecida por ser uma divagação bem calma com Patton a cantar e deambular por cima de uma frágil tensão sonora, mas que no fim começa a engrossar no som. No início do intrumental Patton presenteia-nos ainda com um cheirinho de beatbox, algo que ele já explorou bem com o seu colega Rahzel(mestre na matéria) num projecto anterior. Esta foi a única música onde Patton tem um deslize - "F for fake" foi o verso do único(!) desafinanço da voz deste Senhor em todo o concerto. Para as "delicadezas" do que ele faz com a voz, é Obra!
Em jeito de terminar uma noite cheia de surpresas, temos então um último 'Surprise! You're Dead!', que nos deixa com mais um punhado de riffs de rock bem cáustico e um apresentador/vocalista que anuncia que já estamos no fim, da forma mais agressiva possível.
A banda regressa então para o último momento. Talvez fosse óbvio o facto da banda pensar apresentar o original que têm com título em português - 'C####o voador' - no entanto, penso que a maior parte do público vivia bem sem este momento de bossa nova. De qualquer forma há que admitir que foi a cereja no topo do bolo - e um último poo em cima da selecção, visto que foi dedicada ao "palhaço" do "Cristiano" Ronaldo -, já que encerrou uma noite marcada principalmente pela(grande) força do experimentalismo.

São uns senhores - e ele é 50%! :)

:)

Faith No More:

Midnight Cowboy (John Barry cover)
From Out of Nowhere
Be Aggressive
The Real Thing
Evidence
As The Worm Turns
Last Cup of Sorrow
Cuckoo for Caca
Easy (The Commodores cover)
Midlife Crisis
The Gentle Art of Making Enemies
Ashes to Ashes
Ben (Jackson 5 cover)
King for a Day
Epic
Just a Man

Encore:
Chariots of Fire (Vangelis cover)
Stripsearch
Surprise! You're Dead!

Encore 2:
C####o Voador



youtube(concerto transmitido pela sic radical):

http://www.youtube.com/watch?v=y3MvAv5fp3s
pt 1 (Midnight Cowboy (John Barry cover), From Out of Nowhere, Be Aggressive(...)
http://www.youtube.com/watch?v=sf-5O05Qq68
pt 2 (...)Be Aggressive, The Real Thing) (...)
http://www.youtube.com/watch?v=P9N8o-LIJNY
pt3 Evidence, As The Worm Turns, Last Cup of Sorrow (...)
http://www.youtube.com/watch?v=YUBsXMGPeHg
pt 4 (...)Last Cup of Sorrow, Cuckoo for Caca, Easy (The Commodores cover), Midlife Crisis (...)
http://www.youtube.com/watch?v=w49n-ohkYAo
pt 5 (...)Midlife Crisis, The Gentle Art of Making Enemies, Ashes to Ashes, Ben (Jackson 5 cover) (...)
http://www.youtube.com/watch?v=aTewETUPWQs
pt 6 (...)Ben, King for a Day(...)
http://www.youtube.com/watch?v=eyhEjO1J4oQ
pt 7 (...)King for a Day, Epic, Just a Man(...)
http://www.youtube.com/watch?v=VU7X7CPq5ZE
pt 8 (...)Just a man, Chariots of Fire (Vangelis cover), Stripsearch(...)
http://www.youtube.com/watch?v=myO9WvqmPQQ
pt 9 (...)Stripsearch, C####o Voador(...)
http://www.youtube.com/watch?v=KI1uXvXfoQw
pt10 (...)C####o Voador