Estou bastante rouca, com tosse irritante e algumas dores de garganta há alguns dias... Os meninos têm pena de mim e não preciso de falar muito nas aulas (pelo menos isso)...
Ao fim de uma semana entre abóboras cor-de-laranja, morcegos, fantasmas, bruxas e gatos pretos, dentuças e olhos de mau lá conseguimos (eu e as 5 turmas dos meus selvagenzinhos) construir umas bonitas muralhas assombradas, com portas e janelas de meter muuuuuuuuuito medinho!
Empoleirei-me numa cadeira e coloquei-as nas paredes das 2 escolas. Depois, resolvi tapar o resto do espaço com desenhos dos meninos alusivos ao tema e monstros assustadores feitos com rolos de papel higiénico.
Tudo isto deu uma trabalheira doida:
Ó professora, o meu monstro ficou todo sujo de cola!
Olhe o meu! Sem querer, parti-lhe um dente!
Não gostei do meu desenho e por isso rasguei-o!
Posso pintar a abóbora de preto?
Ó professora, estes monstros têm mais de engraçado do que de assustador...
Podíamos cortar a mão e deixar pingar o sangue nas paredes!
Porque é que a outra turma tem uma muralha maior do que a nossa?
O meu desenho vai para o placar? É que se não for... Deito-o já ao lixo!
Ó professora, diga a estes bois e a estas bacas que se calem, senão espeto-lhes uma faca no aparelho digestivo!
Por fim, lá conseguimos fazer tudo...
Vieram os comentários da professora de uma turma, pela boca dos alunos:
Ó professora, a nossa professora Rosinha disse que nos calhou a uma professora de plástica excelente! Ela disse que pode colocar os nossos trabalhos de plástica onde quiser e que a escola é sua!
Ela disse que você está de parabéns.
Sim, e que se vê que se interessa e que trabalha muito bem com os alunos.
Surgiram também os comentários dos meus colegas que estão nas AEC's (activ. enriquecimento curricular) tal como eu:
Para que trabalhaste o Halloween? Não faz parte do programa...
Fazer trabalhos muito bonitos dá beleza à escola, mas vê-se logo que os miúdos não fazem nada... E não nos pagam para trabalhar em casa...
Se aparecesse uma inspecção iam querer saber como é que fizeste aquilo tudo com eles!
Ai as professoras deram-te o plano anual de actividades? A mim não me deram nada... Já estou a ver que há favoritismos...
Conclusão:
As professoras, que no início me criticaram por não fazer nada de jeito, agora acho que já gostam de mim! Pelo menos, é o que tentam transmitir. LOL É que eu agora já não acredito em nada...
Os meus colegas que estavam do meu lado, agora viraram-se contra mim!
Ando continuamente a aprender a viver em sociedade! Uf!
Que vida louca!
quarta-feira, 31 de outubro de 2007
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3 comentários:
querida, a menina devia escrever um livro, agora não sei se seria cómico-trágico-suspense ou algo mais ou de tudo um pouco. as tuas crónicas são do melhor!
Concordo contigo Sof*! :')=
Já havia comentado algo do género..
Aquele "corte":
"Ó professora, diga a estes bois e a estas bacas que se calem, senão espeto-lhes uma faca no aparelho digestivo!" partiu-me todo! E com o pormenor subtil de aquisição de alguma aprendizagem sobre o sistema digestivo! lol.. Sublime X')
A sério, Biscoita, quando te fartares desses stresses, só tens que publicar um livro e a gente cá está a apoiar! X')=
Quanto a viver em sociedade... somos(os humanos) uns bichinhos muito estranhos, disso não há dúvida. E estamos sempre atentos a favorecimentos ou ameaças. É normal.
Penso que o mais engraçado na vida é o como ficamos surpreendidos com a forma imprevisível como os "pick-a-side" por vezes dão voltas de 180 graus; como no teu caso, em que foram os(teus) próprios diabretes que te deram um momento de auto-satisfação, e os supostos parceiros acabaram por te pôr em causa.
São muitos os momentos em que precisamos de estar atentos, mas por vezes, para descontrair, até convém mesmo arriscarmos num jogo de "cabra cega". Aliás, muitas vezes.
Afinal, até acaba por ser uma reminiscência dos tempos de infância, por isso, até tem o seu quê de divertido.
X'3
diabita, as histórias dos teus diabretes são uma delícia.
e quanto às diabruras de quem não pode ver a vida dos outros a correr bem... deixa-os lá! é a única solução para os pobres de espírito. mas oha que é mesmo!
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