Conversa num otorrinolaringologista

À entrada no consultório, depois dos cumprimentos habituais, o Dr. F. olha para a ficha da minha mãe e exclama, muito vaidoso:
– Ai que giro: “Judite”! Amanhã, vou ter um jantar com a Judite de Sousa, em Lisboa.
Eu e a mãe sorrimos.
Depois, olhando para mim, continua em tom simpático…
– Ai que menina tão bonita!
Eu sorrio.
Ele OBSERVA melhor e refaz o comentário:
– Mas com um nariz tão feio!
Respondo prontamente, sorrindo:
– É de família! Eu gosto dele assim. É igual ao do pai e ao do avô.
– Bem, mas nos tempos de hoje não se compreende – conclui o Dr. F.
– Pois, mas a Diana tem gosto no nariz, por ser de família – remata a mãe, sorrindo.
O médico vira a nossa atenção para um modelo de nariz enorme que está pendurado na parede e afirma, com desdém:
– O meu também é muito bonito… Bom, o que é preciso é que se sinta bem com o que tem. Mas isso resolvia-se rapidamente…”

(Mais uma rinoplastia! Isso era o que ele queria.)

Durante a consulta atendeu o tlm duas ou três vezes e explicou as conversas que teve, tentando sempre enaltecer a sua pessoa. Um vaidoso! LOL

Também criticou de forma global todos os genéricos dos medicamentos.
Quando lhe completei um raciocínio sobre a diferença entre a composição de um medicamento original e o seu genérico, falando da percentagem dos componentes activos e dos excipientes utilizados pela Infarmed, o Sr. Dr. ficou um pouco sem resposta e chegou rapidamente à conclusão de que o problema da mãe não passava pelo uso do genérico.

Na altura achámos que o homem pensou que eu era licenciada em Farmácia, ou coisa do género. Mas agora… Eu creio que o Senhor Doutor F. ficou intimidado por uma miúda que tem a mania que é muito senhora do seu nariz. Ah, ah!